Dormente ferroviário de plástico desenvolvido pela USP é alternativa sustentável

Um projeto de dormente ferroviário polimérico em colmeia foi desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. A inovação é uma alternativa para os modelos atuais da estrutura e une sustentabilidade, segurança e resistência. Os dormentes ferroviários são peças que desempenham a função de base para o caminho dos trens. Além disso, fazem com que a distância entre os trilhos se mantenha no tamanho padrão e suporte a força aplicada, que é dissipada sobre as pedras britadas presentes na estrada.  

Três tipos de dormentes são comumente utilizados: o de madeira, que demanda desmatamento e tratamento com substâncias tóxicas, o de concreto, mais pesado e de fácil trincamento, e o de aço, cujo custo é alto e acarreta poluição sonora.

Um dos diferenciais do projeto é a sua formação interna, feita na estrutura de colmeia. Essa forma garante mais resistência e durabilidade, além de evitar um fenômeno conhecido como rechupe ou rechupagem, segundo o professor Benedito Purquerio.

Esse efeito ocorre durante o processo de resfriamento e produção das peças, caracterizados como vazios inoportunos na estrutura, os quais diminuem sua durabilidade, por exemplo. De acordo com Purquerio, essa ocorrência é mais comum em dormente brutos e maciços.

Por ser produzido a partir de plástico reciclado, a tecnologia também é uma alternativa para a reciclagem desse material — que pode levar de décadas a centenas de anos para se decompor naturalmente. “No caso do dormente tem essa vantagem, porque ele admite até um certo nível de impurezas, como pedaços de cascalho ou arame”.

Em relação ao público-alvo, Benedito Purquerio destaca as empresas que possuem leitos ferroviários: “Elas vão se interessar e acredito que o retorno desse meio de transporte vai acontecer em breve”. Em 2025, o governo federal apresentou o Plano Nacional de Ferrovias, com a proposta de conceder cinco iniciativas de estradas para trens à iniciativa privada. Cooperativas de reciclagem são um setor de interesse intermediário, já que seriam uma das fontes da matéria-prima do dormente.

Fonte: Agência SP